quinta-feira, 8 de maio de 2014

Chega de você...

  É, voltei. Imagine só que por muito tempo permaneci só. Calado. Não tinha coragem pra sequer erguer um pé do chão e caminhar para pegar qualquer alimento que fosse. Nada me animava. Os chocolates da qual eu era louco, simplesmente, perderam o gosto pra mim. Me enojei de tudo que me cercava. Me enojei até de mim.
  Antes era bem mais fácil falar. Quando estávamos juntos o tempo até passava depressa. E já que passava depressa, eu só te beijava, pra aproveitar melhor esse tempo. Agora, nem isso. Agora o tempo é uma eternidade. Daquelas em que você realmente almeja morrer logo, mas sabe que vai demorar muito. A não ser, claro, suicídio.
  Olhar seu rosto novamente, depois de tanto tempo longe, me reavivou. Era como se uma onda gostosa de calor invadisse toda a minha alma e me estendesse a mão, para que eu pudesse me levantar novamente. Não ligo mais pra nada, só te ligo. Mas a cada ligação, você tá mais distante. Não de distância. Pelo menos, não distância física.
  Não consegui me controlar e bati na sua porta. De novo. O som da sua voz ainda me agradava e eu precisava respirar fundo antes de te falar qualquer coisa. Eu precisava pensar. Eu não podia errar nada, tinha que ser perfeito. Foi, até você me dizer "olá". Aqueles dentes não tão brancos com um hálito de pasta de dente. Eu tentei, tentei demais não reparar na sua roupa e naquele decote de camiseta velha. Camiseta que eu mesmo te dei. Fiquei surpreso por ainda usá-la e mais surpreso ainda quando me disse que era a melhor pra dormir. Era confortável.
  Naqueles 5 minutos que fiquei pra te dar uma rosa murcha que achei no chão, valeram mais o gasto das batidas do meu coração do que todos os anos que fiquei sem você. Aquela maldita voz que ecoa ainda na minha cabeça de que eu deveria ter feito algo a mais. Que eu nunca deveria ter te deixado ir. Te segurado bem forte num abraço para que você ficasse confortável o suficiente pra repensar na sua insana ideia de me deixar sozinho com aqueles demônios que me perturbavam.
  Você não vai voltar, vai? Claro que não. Idiota que sou em pensar que a vida mudará todos os destinos e caminhos por uma merda de ilusão que tive (tenho).
  Te deixar caminhar sozinha. O preço que paguei por te libertar do meu lado, foi mais alto que as apostas da minha vida. Me desculpe... ainda está aí? Falei tanto da minha miserável vida que me esqueci como é ouvir os outros. Parei de ouvir os outros porque não há motivos em ajudar. Aliás, não há forças para ajudar. Eu sequer consegui ajudar a mim mesmo, imagina só a você, querida amiga.
  Agora me deixe só, por favor. Esse velho coração ainda bate o suficiente pra que eu procure um outro alguém. Um alguém que mostre mais do mundo que você não pôde mostrar.


terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Mockingbird

  Daí as coisas vão se acabando. Se acabam tão depressa que você nem mesmo lembra que um dia o mundo parava quando vocês estavam juntos. É, acaba. Eu devia ter ouvido mais os conselhos sábios dos meus avôs e avós, afinal a gente vê tanta televisão que pra nós é normal ver avôs e avós tão sábios a ponto de te dar conselhos que te definiriam na sua carreira inteira.
  Conselhos que não tive. Conselhos que precisei aprender saboreando o doce sabor da derrota. E da vingança também. Quem me vê digitando deve imaginar uma vida grandiosa em que destruí todos os meus inimigos e vivi cercado de gente boa e legal que sempre esteve disposta a ser meu amigo e me ajudar. Mas não. Porra, eu só tenho 20 anos de idade. O que eu poderia passar pra vocês? Dicas de reagir a um assalto? Dicas de como se aproximar da garota que você está afim no colégio? Porque provavelmente essa seria a coisa mais racional que eu poderia passar com a minha idade.
  Mentira. Porque eu sequer sei chegar bem em uma garota, sequer sei conversar sem parecer que estou nervoso e com um tique na perna que não me deixa sossegá-la nem mesmo por um segundo. Então não se impressionem, eu não sei de nada, eu não consigo ser nada. 
  Acordo lembrando, em meio ao grande sono que me rodeia quase todas as manhãs, vivo cercado de gente babaca, gente que quer dinheiro, gente que age com o bem apenas para conseguir seu espacinho no "paraíso". Daí eu me pergunto "mas que porra é essa?". Me pergunto isso porque é exatamente o que é. Que porra é essa? Gente fazendo o bem só porque quer garantir seu espaço pra Deus e gente sendo babaca simplesmente por achar que tem que aproveitar da forma que for, porque Deus não existe e a vida é uma só.
  Não acredito em Deus. inclusive não acredito em muita coisa, principalmente na maldade e na bondade. Jesus morreu tentando fazer todo mundo acreditar que Deus, seu pai, existia e que devíamos acreditar nele pois o mesmo era o nosso salvador. Morreu crucificado. E Deus perdoou aqueles que mataram seu filho e, me desculpem, se eu fosse Deus, naquele momento, eu teria metido um raio bem no meio da Terra e feito ela em pedaços. Era o filho dele. Era a esperança da humanidade ser salva.
  Eu escrevo ouvindo Eminem, porque acho ele realmente muito bom. Fora que suas músicas me fazem refletir e que ele mete pau em Deus e o mundo. Acho justo que ele, apesar dessa casca que ele próprio criou em torno de si, apenas queira proteger sua filha de um mundo cruel que ele mesmo já participou.
  E volto a teoria de que eu deveria ter ouvido meus avós. Afinal, eles são muito mais velhos que eu e o que eles já viram aqui, pode ser que nunca mais aconteça. A verdade é que eles não tem nada a me ensinar. Nem meus pais tiveram. Daí eu me perdi no tempo, porque diante de tanta gente morrendo e nascendo, a noção de tempo fica distorcida, fica errada e girando em torno de um looping sem fim.
  Claro que isso tudo inclui as pessoas que você se aproximou esperando que o carinho fosse retribuído de forma recíproca ou até mesmo superior. Nunca acontece. Seja da parte da outra pessoa, seja da sua parte. Ninguém pode amar igualmente uma pessoa, sempre vai haver aquele que ama mais. Sempre vai haver aquele que se importa mais. É possível continuar amando uma pessoa mesmo sem desejá-la todos os dias? Eu deveria me impôr limites. Dentro de tudo que meus pais me ensinaram, das poucas coisas que me ensinaram de verdade, a honestidade foi a que mais se destacou. Daí então eu tomei decisões erradas visando ser honesto com todo mundo. Perdi tudo, muitas vezes. Não existe limite pra estupidez humana. Eu deveria ter mentido. Afinal, eu sou muito acomodado, eu consigo ficar em um relacionamento ruim sem nenhum problema, na realidade, pra mim tanto faz. Desde que aprendi a mentir, tudo o que eu mais desejo é identificar a verdade daqueles que visam apenas a minha mentira.
  Não viso o seu mal, mas isso não significa que eu a queira bem, o que eu sinto por você, provavelmente, é aquela indiferença que você faz na vida de todos que você passa. Não seja só mais uma, ouça seus avós.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Porque descrever é o que faço de melhor.

I. Olhos

  Azuis-quase-da-cor-do-mar. Assim eu defino os olhos dela. Pra quem tem olhos de cor azul-céu, pode não significar muita coisa. Mas pra mim parecem mais que simples fubecas. Aquele paraíso que você tanto ouvia falar, cercado de azul, cercado de mar. Isolado... perfeito. Não importa a distância que eu olho, parecem sempre mais azuis e mais fortes, reflete muito a sua alma.

II. Sorriso

  Sabe aquele frescor de entrar dentro de um shopping com ar-condicionado em um dia de imenso calor? É exatamente o que sinto quando vejo o sorriso dela. Aquela sensação de que eu não vou mais precisar me preocupar, porque o sorriso dela ilumina todo o ambiente. E se caso ela decida fechar esse sorriso, o mundo inteiro sentiria a imensa onda de trevas que invadiriam tudo.

III. Boca

  E dali você não consegue ficar longe. Uma vez aquela boca na sua, você jamais vai conseguir se livrar disso. Vai ser a sua necessidade, vai além de desejar o tempo todo, vira um vício e a abstinência é destruidora.

IV. Colo

  Difícil falar de algo que só de chegar perto me dá sono. É uma necessidade pra viver, pra relaxar, pra não se preocupar e, também, pra ficar longe e protegido de tudo.

V. Corpo

  Sabe aquele corpo de modelo com barriga durinha, com seios bem definidos com silicone e bunda durinha por causa da árdua academia todos os dias? Então, ela não tem nada disso. E sabe o que é melhor? Ela é única. Não se encaixa em um padrão, por mais que insistentemente ela gostaria de estar nele. Mal sabe ela que a diferença é o que mais me conquista. Ninguém é igual a ela, nem de corpo e nem de alma. 



Texto modelado da mesma forma que no blog Faniquitos de Maria.



Se você acha que está mal,
imagine perder tudo isso a-
cima, vai chegar perto do   
quão mal eu posso estar a-
gora.