segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Enquanto houver amor;;;

  Se houver, vou continuar. Independente das escolhas que nos forçaram ao fracasso, eu vou insistir. Todo poder do mundo parece pouco pra te trazer de volta. Reações explosivas em locais distantes e aleatórios não chamam mais atenção que seus olhos, e é neles que sigo encontrando força.
  Viagem para longe mantém meu pensamento fora de ti. Parece confortável não ter você na minha vida. Sempre que você some, tudo muda, as coisas viram, sentimentos acontecem, pessoas aparecem, pessoas morrem, crianças nascem e líderes emputecem. Quando você volta a paz reina. Aqui e em todo lugar que você pisa, nascem flores, rosas negras.
  Meus remédios estão acabando e minha vida parece um grão de areia em uma praia, insignificante. Eu não preciso de você para ser triste, mas contigo aqui, a tristeza parece ser maior que a paz. Nunca um clique de uma câmera fotográfica foi tão decisivo quanto aquele que tirou a foto de seu casamento. Agora eu boio em sangue e lágrimas, porque é assim que aprendi a viver. 
  Você é minha fraqueza. Você sempre volta quando quer e eu sempre te aceito, não importa se é verão ou se é inverno, você volta e eu te abraço. Você não se cansa desse velho capacho? Me sinto aquela roupa velha que virou pijama e que você só usa quando os mais novos estão lavando. Mesmo rasgado e com pouco a oferecer em relação de calor, você me usa, porque te apetece, cobre o buraco, te satisfaz por um período curto de tempo.
  Pois farei o teu desejo. Vou apagar essa estrela, vou abrir um buraco em meus braços, vou apagar teu nome de minha pele. Já havia tentado essa saída antes, mas o telefone tocou e era você, desisti. Mas hoje não, hoje ele está fora do gancho, hoje não tem saída para mim, não tem saída para nós. Hoje eu sangrarei até não conseguir fumar mais nenhum simples cigarro. É hoje que pintarei as paredes de minha casa de vermelho. Não é a sua cor favorita?

(Fonte: https://silenthillrpg.files.wordpress.com/2011/06/silent-hill-2-hole.jpeg?w=640)

domingo, 22 de setembro de 2019

Depressão e café...

  Hoje completa cinco dias que eu não tomo banho. Não encontro forças, não é como se eu não quisesse, eu só não consigo. Meu cabelo está sujo, minhas unhas todas roídas, eu era muito vaidoso e me perdi, eu sequer escovo os dentes mais de uma vez por dia. Falando nos dentes, eu só escovo quando acordo, pois quero saborear as duas únicas coisas que boto pra dentro antes de passar o resto do dia sem comer nada: café e cigarro.
  Café me ajuda a manter acordado, pois eu só penso em dormir, não quero sair da minha cama. O cigarro é uma forma de acabar com minha vida de forma que ninguém perceba que é intencional, jamais gostaria de magoar as pessoas que eu amo com uma morte precoce de suicídio, apesar das inúmeras tentativas que tive ao longo da vida.
  Estou desempregado a meses, não consigo me manter em lugar algum. Eu me canso, das pessoas e dos lugares, tudo parece entediante para mim. Minha cama e meus animais tem sido a companhia mais frequente e claro, meus jogos, das quais uso pra fugir da depressão que cerca todo meu ambiente.
  Meu quarto está um misto de bagunça com cheiro de cigarro. Aqui está espalhado roupas usadas, roupas lavadas, copos e pratos que uso se mantém aqui também. Raras são as vezes que saio daqui e quando saio, normalmente, é para pegar comida. Eu tento me levantar, tento arrumar as coisas, mas a energia falta, meu corpo pesa, eu me machuco e martirizo porque sei que deveria estar fazendo algo, mas não faço. É um misto de estar triste porque não faço nada e não faço nada por estar muito triste, talvez eu tenha resumido um pouco do que é ter depressão e ansiedade ao mesmo tempo.
  Não tenho amigos próximos, apenas os que moram muito longe para que eu vá na casa deles ter algum contato físico. Mesmo assim mantenho eles longe, seja com mensagens curtas ou até mesmo nem respondendo-os. Prefiro que fiquem longe, pois eu azedo a vida, amargo o mundo.


(fonte: https://s.glbimg.com/jo/g1/f/original/blog/4182bd34-99e2-4ee7-998b-2c074376a477_depressao-1.jpg)

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Marcas...

  Pra onde foi? Pra onde fomos? Sequer nos falamos após as marcas que fizemos em prol de nosso amor. Aquela marca de cigarro, lembra? Eu lembro o quanto ela doeu de fazer, parecia coisa de adolescente na época, já que queríamos fazer uma tatuagem juntos mas éramos fodidos e pobres na época, então por que não nos machucarmos com cigarro e deixar uma marca em nós?
  Saudades. Saudades da época que a única marca era essa do meu braço, que me fazia esquecer as marcas de cortes da adolescência. Agora lido com outra, uma que é mais funda, não aparece fisicamente em dias comuns e que dói sem previsão de cicatrizar em meu coração.
  Hoje somos, ou fingimos, sermos felizes com outras pessoas, com outras bocas, com outras marcas. Dura é a realidade que enfrentamos de saber que a vida não vai nos deixar esquecer nunca desse amor, porque ele vai ficar pra sempre em meu braço e em seu seio esquerdo. Eu te amei, você me amou, mas sempre há mais que isso, sabíamos que só amar não era o suficiente. Falhas atrás de falhas desgastaram tanto nossos corpos quanto nossas almas e em um ato (heroico?) de recuperar o pouco de sanidade que nos sobrava, decidimos cortar os laços que nos uniram de forma tão delicada.
  Acho que ainda te amo e esse amor talvez habite em ti da mesma forma e intensidade que habita em mim. Vamos manter dessa forma, porque nos corrompe qualquer resquício de carinho vindo de nós.

(fonte: https://revistanews.com.br/wp-content/uploads/2018/10/queimadura-390x220.jpg)

domingo, 15 de setembro de 2019

Heresia...

  Heresia: teoria, ideia, prática etc. que nega ou contraria a doutrina estabelecida (por um grupo).
  Pedaços, fragmentos, partes da minha vida, todas em pó nas mãos. Não existe foco, não existe metas, existe o Vazio. Forçados a viver em sociedade onde nenhum de nós se encaixa. Vida pós vida, sangue pós sangue, guerra pós guerra. Secretamente abertos a escolhas das quais fazemos por aceitação.
  Vazio? Sujeito Vazio. Ser que corrompe ou que foi corrompido, fé em si mesmo e nas palavras salvadoras em latim. Segure-se em si e siga, a morte é o caminho ou a luz no fim do túnel?
  Perguntas com respostas que sabemos, negamos apenas a aceitá-las facilmente. Morte é amiga, morte é aceitação, morte é vida. Estranho saber que ninguém sabe. 
  Segure-se alto, roube sorrisos de quem chora, roube as dores, faça por si. 
  A existência em si é Heresia.

(fonte: https://www.eusemfronteiras.com.br/wp-content/uploads/2016/12/bigstock-Transformation-Of-Lime-Butterf-133703753-810x540.jpg)