terça-feira, 18 de junho de 2013

La Renga - Balada Del Diablo Y La Muerte

  E aqui estou dentro do inferno que eu mesmo criei. Estou deitado, apenas na companhia do meu cigarro mal aceso. Olhei para o lado, ainda eram 3:03 da madrugada. Sorri para mim mesmo, pensando "a hora que os portões do inferno se abrem". E imediatamente depois de dizer isso, minha pele se arrepiou toda. A sensação mais horrível que já havia sentido.
  Olhei para a janela, apenas névoa. Resolvi, por um impulso imbecil, sair de casa. Achei engraçado ver apenas um homem de terno na esquina, olhando pra mim e sorrindo. Ao lado dele, surgindo da névoa, uma mulher com um copo de uísque. Não precisei de mais que 1 minuto pra saber que se tratava do Diabo e da Morte. Ambos ali, parados na minha frente.
  Raciocine comigo. Quais as chances de eu estar sonhando ou ter ficado louco? Não bebo, apenas fumo. O Diabo e a Morte gargalhavam da minha cara de confuso. A Morte passou o braço pelos meus ombros me puxando, como se me convidasse pra andar. Segui-os pela estrada de névoa, completamente vazia de vida. Comecei a prestar atenção na conversa dos dois, pareciam-se com velhos amigos. Sorriam, bebiam e fumavam, a noite parecia ser o clima perfeito.
  Eu comecei a interagir. Ria também, dava minha opinião. Me envolvi, me sentia parte daquilo. A leveza daquela conversa tomava minha alma de qualquer dor ou sofrimento que o mundo poderia me oferecer. Estávamos além da vida e da morte, estávamos na linha tênue da loucura, ou melhor dizendo, eu estava. Puxei meu cigarro. Assim que coloquei na boca, ele já estava aceso. Me assustei e o Diabo riu da minha cara mais uma vez.
  -Sabe -disse o Diabo- o céu está corrompido. Nem mesmo eu, o anjo caído consegui aguentar a impureza daquelas criaturas -e sorriu mais uma vez, batendo as cinzas do seu charuto, deixando o vento levá-las. A Morte, por sua vez, apenas olhava bem no fundo dos meus olhos, esperando uma opinião concreta sobre tudo aquilo. Porra, o que eu podia dizer? Eu estava de frente com os dois maiores medos da humanidade! Porém, aquela caminhada em meio a neblina da madrugada, me fez ouvir muitas coisas, me fez enxergar muitas verdades. Naquela noite, os dois maiores medos da humanidade não eram nada comparado ao que a humanidade havia se tornado.
  Pisquei o olho. Estava sentado em minha cama novamente. Olhei para o relógio e era apenas 3:04. Sonho ou não, loucura ou não, recebi uma grande lição essa madrugada. Deitei na cama repetindo as mesmas palavras até pegar no sono... "até os céus, até os céus..."





Texto escrito e inspirado na música Balada del Diablo y la Muerte - La Renga.

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